Lideranças sindicais jovens ganham espaço e trazem inovações tecnológicas

Os líderes jovens começam a ganhar presença dentro das entidades sindicais. Em entrevista ao portal Ponto Central, três lideranças com menos de 35 anos contam os principais desafios e oportunidades em suas gestões.

Roberth Breno Sousa, presidente do Sindicato dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas do Estado de Pernambuco (Sintibref-PE). Ele tem 33 anos e atua na diretoria do sindicato há quase seis anos.

Como líder jovem, quais são os maiores desafios que você enfrenta na gestão do sindicato?

Como líder jovem, um dos maiores desafios que a gente enfrenta com os presidentes das instituições na hora de negociar é que muitas vezes eles não entendem que pessoas jovens têm capacidade para assumir tal cargo. Muitas vezes há resistência patronal da diretoria de mais idade.

O que acha que pode acrescentar na gestão do sindicato?

Podemos inovar, trazer para o meio sindical uma comunicação mais assertiva pelo whatsapp, redes sociais e site. Ou seja, trazer a tecnologia para a entidade sindical. Fazer com que a nossa categoria, independentemente da idade, acesse a tecnologia. Aqui no sindicato nós temos consultas on-line. Então a gente tenta fazer com que as pessoas acima de 60 e 70 anos utilizem os benefícios. Quando a gente faz a reunião, tentamos mostrar para todos o “Bê-a-bá”, para que estejam informatizados.  A gente tem feito uma gestão mais tecnológica.

A maioria das lideranças em sindicatos é de pessoas com mais experiência. Como é o seu convívio com elas? O que aprende?

A maioria das lideranças é de pessoas mais experientes, mas o movimento sindical jovem vem crescendo muito. Eu tive muita convivência com pessoas mais velhas do que eu e aprendi muito. Eu consigo pegar essa experiência e trazer para o meio do movimento sindical, com uma visão e força diferentes de trabalhar. Até porque, hoje o movimento sindical mudou muito. Então eu acredito que a gente consegue conciliar experiência com as mudanças nos dias de hoje.

A taxa de filiados jovens em sindicatos vem caindo. O que você tem feito para tentar elevar esse índice de filiação?

A taxa de filiados muda muito, independentemente de ser pessoas mais jovens ou não. Para elevar isso, temos feito um trabalho de base, mostrar a importância do sindicato, como os benefícios funcionam, levar para a nossa categoria a importância do Seguro de Vida, do Plano Odontológico, do Bem-Estar Integral. É importante para o filiado saber que com o sindicato ele pode ter uma qualidade de vida diferenciada.

Mariele da Silva Keidann Lopes, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Restaurantes, Bares e Empregados em Turismo e Hospitalidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Sindihotel Noroeste/RS). Ela tem 30 anos e está há quatro anos no cargo

Como líder jovem, quais são os maiores desafios que você enfrenta na gestão do sindicato?

Enfrento desafios como a resistência à mudança, a necessidade de provar constantemente minha capacidade devido à falta de experiência e a conciliação das expectativas de diferentes gerações dentro do sindicato.

Você é mulher em um ambiente de maioria homem. Enfrenta desafios?

Sim, enfrento desafios adicionais por ser mulher em um ambiente predominantemente masculino, como preconceito de gênero, necessidade de afirmar constantemente minha capacidade, lidar com comportamentos machistas e a falta de representatividade feminina em lideranças.

O que acha que pode acrescentar na gestão do sindicato?

Acredito que posso trazer uma perspectiva inovadora para a gestão do sindicato. Minha familiaridade com tecnologias e mídias sociais pode ajudar a modernizar a comunicação e engajar um público mais jovem. Além disso, meu entusiasmo e energia podem impulsionar iniciativas de renovação e inovação, e minha abordagem inclusiva pode promover um ambiente mais diverso e representativo.

A maioria das lideranças em sindicatos é de pessoas com mais experiência. Como é o seu convívio com elas? O que aprende?

O convívio com líderes mais experientes é uma oportunidade valiosa para aprender com a sabedoria e experiência deles. Embora possa haver diferenças de opinião e abordagem, tento manter um diálogo aberto e respeitoso. Aprendo muito sobre a história do movimento sindical, estratégias de negociação e a importância da paciência e perseverança. Essa troca de conhecimento e experiências é enriquecedora.

A taxa de filiados jovens em sindicatos vem caindo. O que você tem feito para tentar elevar a filiação?

Para aumentar a filiação de jovens, tenho modernizado a comunicação do sindicato usando mídias sociais, promovido eventos e campanhas sobre temas relevantes como direitos trabalhistas e economia digital, e criado um ambiente acolhedor e inclusivo.

André Luiz Arantes de Souza Júnior, diretor-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação, Panificação, Confeitaria de Governador Valadares Região Leste e Zona da Mata de Minas Gerais (Sintina). Ele tem 33 anos e está há dois mandatos no cargo.

Como líder jovem, quais são os maiores desafios que você enfrenta na gestão do sindicato?

Vários desafios, principalmente pela pouca idade. Muitas vezes as pessoas recusam a ouvir uma sugestão ou comando devido a esse fator. Mas temos exceções. Há pessoas muito antigas no movimento sindical, mas que mesmo assim demostram um imenso respeito por nós jovens.

A maioria das lideranças em sindicatos é de pessoas com mais experiência. Como é o seu convívio com elas? O que aprende?

O meu convívio é bom.  Em alguns momentos não somos vistos com bons olhos por alguns, com o receio que percam seus lugares. Mas tem aqueles que nos respeitam, apostam em nosso potencial no movimento sindical e depositam confiança na nossa relação.

A taxa de filiados jovens em sindicatos vem caindo. O que você tem feito para tentar elevar esse índice de filiação?

Estamos trabalhando no rejuvenescimento do movimento, jovens conscientizando jovens. A maioria da juventude em fábricas tem essa resistência com o sindicato, pois há esse preconceito de várias lideranças serem antigas à frente do sindicato. Mas essa realidade com um tempo vai mudar. Estamos fazendo esse trabalho de dentro da estrutura para fora. Assim acredito que nossos índices de jovens associados vai aumentar.