Sindicalização perde força no Brasil

Queda na taxa de associados mostra a importância de investimentos para fortalecer a base

Central dos Benefícios oferece produtos para aumentar a atuação das Entidades Sindicais junto a seus representados – Foto: Paulo PInto/Agência Brasil

A sindicalização está perdendo força entre os trabalhadores do país. Em 2023, apenas 8,4% dos 100,7 milhões de ocupados eram associados a sindicato, o equivalente a 8,4 milhões de pessoas. O número representa queda de 7,8%, ou de 713 mil pessoas, em relação ao ano anterior, quando havia 9,1 milhões de ocupados sindicalizados (9,2% do total).

É menor patamar da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012 (16,1%). Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.

A queda na taxa de associados em sindicatos mostra a importância de investimentos das entidades para fortalecer a base e atrair novas adesões. A Central dos Benefícios oferece benefícios para que os sindicatos possam socializar para toda a categoria, levando qualidade de vida para seus representados e com menor custo financeiro para as empresas. Com isso, é possível aumentar a atuação das Entidades Sindicais junto a seus representados, fortalecendo o meio sindical como um todo.

Para os pesquisadores do IBGE, um dos fatores que podem ter acelerado a queda da sindicalização ao longo dos anos foi a implementação da reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), que tornou facultativa a contribuição sindical. Outro ponto seria a própria forma de inserção no mercado de trabalho.

“Nos últimos anos, há cada vez mais trabalhadores inseridos na ocupação de forma independente, seja na informalidade ou até mesmo por meio de contratos flexíveis, intensificados pela reforma trabalhista de 2017. Além disso, atividades que tradicionalmente registram maior cobertura sindical, como a indústria, vêm retraindo sua participação total no conjunto de trabalhadores e, portanto, no contingente de sindicalizados”, analisa a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.

Maiores quedas

O setor de transporte, armazenagem e correio foi o que apresentou a maior queda na taxa de sindicalização desde o início da série histórica da pesquisa, com recuo de 20,7% para 7,8%, seguido da indústria geral, que caiu de 21,3% para 10,3%. O agrupamento de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foi o terceiro que mais reduziu a sua taxa de sindicalização.

Os pesquisadores analisam que a queda na taxa de sindicalização da atividade de transportes e armazenagem pode estar relacionada ao crescimento do trabalho informal nessa atividade, com o aumento de ocupados no transporte de passageiros, como, por exemplo, os motoristas por aplicativo.

A taxa de sindicalização também caiu na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, atividade que historicamente tem grande participação dos sindicatos de trabalhadores rurais, passando de 22,8%, em 2012, para 15,0%, em 2023.

O comércio, setor que absorve 18,9% do total de ocupados do país, tem taxa de sindicalização de 5,1%, abaixo da média nacional (8,4%). Esse resultado mostra que nem sempre essa associação acompanha o número de trabalhadores de uma atividade, mas guarda relação também com a forma como eles se organizam e com a atuação dos sindicatos nas relações trabalhistas.

Fonte: IBGE e Mundo Sindical