
O feriado do Dia do Trabalhador, além de ser uma data festiva, é também um momento de reflexão e um importante ato político em defesa dos direitos e interesses da classe trabalhadora.
Sim, da classe trabalhadora. A luta de classes ainda persiste, e o afastamento dos trabalhadores de suas representações sindicais é um grave indicador social e político.
Influenciadores nas redes sociais, coaches e representantes do capital nas mídias propagam, diariamente, mensagens contrárias ao bem-estar social e econômico da classe operária, como se fosse um pecado ser trabalhador. A tendência atual é valorizar o empreendedorismo, rejeitar a carteira de trabalho assinada, evitar chefes e horários fixos.
E sindicatos? Para que sindicatos?
Poucos sabem que o Dia do Trabalhador é uma data histórica não apenas para os trabalhadores, mas também para o movimento sindical. No final do século XIX, o movimento operário em Chicago, nos Estados Unidos, protagonizou uma greve histórica, exigindo a limitação da jornada de trabalho para 8 horas diárias.
Além disso, reivindicavam jornadas mais justas, salários dignos e condições de trabalho mais seguras e saudáveis. Desde então, será que muita coisa mudou?
No Brasil, a luta sindical trouxe inúmeras conquistas que, infelizmente, muitos acreditam serem dádivas do governo ou dos empregadores. Entre elas:
– Jornada de trabalho limitada a 8 horas diárias e 44 horas semanais;
– Férias remuneradas, 13º salário, licença-maternidade e paternidade, além de normas de segurança e saúde no trabalho, fruto da pressão sindical;
– Instituição do salário mínimo nacional;
– Normas de segurança e saúde para proteger o trabalhador, prevenindo acidentes e doenças ocupacionais;
– Reconhecimento do direito de greve e de organização sindical, garantindo meios para lutar por melhores condições salariais e de trabalho.
Essas conquistas representam avanços significativos na garantia de condições dignas de trabalho e na valorização do trabalhador brasileiro.
No entanto, ainda há muito a ser feito para assegurar trabalho decente, remuneração justa e respeito à dignidade do trabalhador. É essencial garantir uma jornada que permita lazer e convivência familiar.
Nesse contexto, é fundamental reforçar a representatividade das entidades sindicais — sindicatos, federações e confederações. O embate político contra o capital e os poderes públicos, a resistência e a trincheira dos trabalhadores, são conduzidos por essas entidades. Sem a atuação coletiva devidamente representada, como diziam meus saudosos avós, não faremos nem cócegas na classe patronal e na classe política, dominada por empresários e algozes dos direitos trabalhistas.
Cláudio Rocha, presidente do Sindicato dos Empregados em Casas de Diversões e em Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis do Município do Rio de Janeiro – Sindicovi e primeiro tesoureiro da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade – Contratuh.