Mickey, Minnie, Donald e Pateta querem um sindicato

Cerca de 60% dos 1.700 funcionários da Disneylândia que trabalham como personagens e nos desfiles buscam representação sindical

Os empregos sindicalizados da Disneylândia não incluem os performers que se fantasiam de personagens – Foto:Divulgação

Você consegue imaginar uma manifestação por direitos trabalhistas em que, na linha de frente, estão o Mickey Mouse, a Minnie, o Pato Donald, o Pluto e o Pateta? A cena parece inusitada. Mas os funcionários da Disneylândia que se fantasiam e interpretam esses personagens – os chamados performers – já começam a pensar nessa possibilidade.

O sindicalismo está avançando a passos largos no mais célebre parque temático do mundo, localizado na Califórnia e considerado a “meca do capitalismo”. Dos 1.700 trabalhadores das áreas de personagens e desfiles da Disneylândia, 60% já apoiam a sindicalização da categoria.

Eles estão buscando ingressar na Actor´s Equity Association, que representa desde atores da Broadway até strippers de Los Angeles. Artistas que fazem o mesmo trabalho na Disney World em Orlando, Flórida (EUA), já estão sindicalizados há anos.

Até recentemente, artistas da Disney World que recebiam mais do que os seus similares da Disneylândia, de acordo com o sindicato. O contrato sindical firmado entre os sindicatos e a administração da Disney World em 2023 paga aos artistas um salário mínimo por hora que varia de US$ 21,30 a US$ 23, segundo o sindicato.

Os artistas da Disneylândia recebiam US$ 20 por hora até que a campanha de organização sindical começou no final do ano passado. O salário mínimo subiu para US$ 24,15 por hora no final de 2023, segundo o sindicato.

É bom lembrar que o custo de vida é bem maior em Orange County, Califórnia, nos EUA, onde está localizada a Disneylândia, do que em Orlando. Segundo dados do Conselho de Pesquisa Comunitária e Econômica, o custo de vida é 50% maior em Orange County, Califórnia. Os custos mais elevados são de habitação, que chegam a ser duas vezes mais caros. Mas os preços são mais elevados acontecem em várias categorias.

Direitos iguais

A Disneylândia tem hoje mais de 21 mil funcionários, chamados de membros do elenco pela empresa, representados por mais de uma dezena de sindicatos. Esses empregos sindicalizados incluem tudo, desde trabalhadores do varejo e de serviços de alimentação até guardas de segurança, cabeleireiros, maquiadores e trabalhadores pirotécnicos. Mas não incluem os performers que se fantasiam de personagens como Mickey e Minnie Mouse, Pato Donald e Pateta e interagem com os visitantes.

“Eles adoram trabalhar na Disneylândia. Isso não significa que eles não precisam de dinheiro suficiente para viver”, afirmou Kate Shindle, presidente da Actor’s Equity, à CNN. O sindicato de 51 mil membros tem 111 anos, o que o torna um dos sindicatos dos Estados Unidos mais antigos, fora os das ferrovias.

“Todos reconhecem que a Disneylândia é um lugar especial”, disse ela. “Mas a magia por si só não paga o aluguel”. O sindicato já representa alguns dos artistas da Disney World.

Em comunicado, a Disney informou que “acredita que os membros do seu elenco merecem o direito de ter um voto confidencial que reconheça suas escolhas individuais”.

A unidade doméstica de parques e experiências é a parte mais lucrativa da Disney, gerando receita de US$ 6,3 bilhões nos últimos três meses de 2023, aumento de 4% em relação ao ano anterior, e lucro operacional de US$ 2,1 bilhões, uma queda de 2% em relação ao ano anterior. Esse lucro representou mais da metade do lucro operacional geral de US$ 3,9 bilhões no trimestre.

Fonte: CNN