“A panificação tem tudo para se transformar na melhor loja de conveniência”

O consumidor atual busca por compras curtas e assertivas. Entra na padaria e quer levar o pão, leite, pó de café… Valoriza agilidade e praticidade. Para atender à essa demanda, o setor de panificação precisa investir em tecnologia e driblar a escassez de mão de obra. Em entrevista ao portal Ponto Central, Vinícius Dantas, presidente da Amipão, avalia os desafios e oportunidades vividos pelo setor na atualidade. A Amipão é formada pelo Sindicato das Indústrias de Panificação do Estado de Minas Gerais (Sip) e pela Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amip), que representam cerca de 6 mil e 12 mil padarias, respectivamente.

Quais as principais tendências para o setor de panificação?

Ele tende a funcionar como loja de conveniência, com mix de produtos mais assertivo e trabalho mais direcionado para o café da manhã. Algumas lojas abriram para o café no local da empresa. Mas  varia muito de cidade para cidade e do poder aquisitivo da região e do bairro.

A tendência do setor de panificação é a indústria do congelado. Temos visto a dificuldade de mão de obra e a terceirização de processos. Hoje temos pães congelados que são acabados na panificadora. Isso nos dá uma produtividade muito grande, sendo que parte do processo já foi adiantado.

Quais as principais inovações tecnológicas estão acontecendo no setor?

As tecnologias estão avançando bastante, em função da falta de mão de obra. Temos buscado alguns fornecedores e apoio para poder criar tecnologia para pequeno porte. As inovações estão ligadas à tecnologia do frio. Algumas padarias maiores estão buscando tecnologia própria, fazendo ultracongelamento, comprando equipamentos de maior produtividade.

Quais os principais desafios enfrentados pelas padarias nos dias atuais?

Os desafios são muitos, como a incerteza econômica e a falta de mão de obra. Temos que enfrentar as mudanças no nosso quadro de trabalho, redução de jornada, de horário. Já tem padaria que não funciona aos domingos. Mas o pão tem uma importância na alimentação do brasileiro. É o produto básico na mesa. Temos desafios, mas são abrandados por um produto que está na cultura de consumo.

Há novas oportunidades surgindo para o setor?

As lojas de conveniência são novas oportunidades. É uma inovação. No pós-pandemia ficou claro que a panificação tem tudo para se transformar na melhor loja de conveniência. As pessoas hoje não querem fazer compras demoradas, elas querem ser assertivas. Ela vai comprar o pão, aí já compra o leite, o pó de café. O que a gente precisa é realmente trabalhar as margens da revenda. Entendo que revenda é um pouco diferente do que fabricamos, que os custos são menores, que não há perdas em termos de processo produtivo. Então é preciso inovar, fazer mudanças, para que o cliente confie em comprar na padaria. A padaria que tiver uma revenda e souber comprar bem e precificar bem pode se dar bem no cupom médio, melhorando a produtividade.

O que a Amipão tem feito para qualificar a mão de obra?

A qualificação de mão de obra hoje está um pouco complicada, pelo turnover, a rotatividade muito alta. A mão de obra qualificada tem sido escassa e as pessoas estão fluindo demais de um setor para o outro. Isso desestimula o investimento na qualificação.

Quais os investimentos a Amipão tem feito para promover o bem-estar dos colaboradores?

Temos trabalhado o benefício para o colaborador, mudado as tratativas, convencendo o empresário da importância dos benefícios para a fixação da mão de obra, evitando o turnover. É uma preocupação nossa. A gente acha que o benefício tem que ser palpável. O trabalhador tem que perceber. A Central dos Benefícios tem se mostrado um grande parceiro atualmente nesse sentido.