“A telemedicina se apresenta como solução simples e eficaz para solucionar problemas agudos de saúde de menor complexidade”

Carlos Pedrotti, gerente do Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein

A telemedicina, recurso que permite consultas a distância, tem se mostrado como alternativa eficaz dentro dos sistemas de saúde, tanto no privado quanto no público, o SUS. O serviço permite acesso mais fácil a profissionais qualificados, além de reduzir custos com infraestrutura e logística. A Lei 14.510, de dezembro de 2022, trouxe mais segurança jurídica para expansão da telemedicina, com disponibilização de serviços cada vez mais completos. O controle dos dados relacionados a esse atendimento é muito mais preciso do que no sistema de saúde aberto e descentralizado.

Em entrevista à Ponto Central, Carlos Pedrotti, gerente do Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca a evolução do serviço e como o acesso pode ser entendido como benefício valorizado pelos colaboradores, servindo como medida de retenção e atração bastante considerada.

A telemedicina Einstein Conecta é um serviço oferecido pelo Seguro Bem-Estar Integral da Central dos Benefícios *. A assistência consiste em um serviço de orientação médica com atendimento online direto do celular ou computador, 24 horas por dia, 7 dias por semana.  

Qual a importância da telemedicina dentro da saúde suplementar?

A telemedicina tem se demonstrado um dos grandes pilares da sustentabilidade dos sistemas de saúde, tanto no privado quanto no público, o SUS. O acesso simplificado a profissionais qualificados, associado à redução de custos de infraestrutura, logística e redundâncias, traz grande eficiência. Esses processos acabam por beneficiar tanto as fontes pagadoras quanto os provedores e, mais ainda, os próprios pacientes.

Qual é a tendência da telemedicina no país? Temos alguma projeção de crescimento para os próximos anos?

A tendência é de grande expansão, particularmente após a sanção da Lei 14.510, de 27 de dezembro de 2022. A segurança jurídica que a legislação traz possibilita que haja ampliação significativa dos investimentos no setor, com disponibilização de serviços cada vez mais completos de saúde digital, que unem eficiência operacional, controle de qualidade e, ainda, comodidade aos pacientes.

Quando o Einstein começou o trabalho de telemedicina?

O Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein foi inaugurado em 2012, ou seja, há mais de 11 anos. As operações sempre focaram no atendimento por videoconferência, em tempo real, o que foi um grande desafio tecnológico à época. Inicialmente ofereceu suporte especializado entre médicos. Em poucos anos, os serviços avançaram para atendimento diretamente ao paciente, o que foi um passo extremamente ousado do ponto de vista regulatório e que, de forma pioneira, ajudou a desbravar esse modelo de atendimento no país.

Hoje há várias frentes de atendimento por telemedicina tanto no sistema privado quanto em parcerias com o Ministério da Saúde, oferecendo serviços especializados, da mais alta qualidade, para as áreas mais vulneráveis do país. Mais de 4 mil cidades e mais de 100 países já foram atendidos dentre os múltiplos serviços de saúde digital ofertados, em mais de 1,5 milhão de atendimentos.

O acesso a um bom serviço de telemedicina é um benefício altamente valorizado pelos colaboradores

O Einstein percebe que a telemedicina é uma tendência de benefício da empresa ao colaborador?

Nos últimos anos, mas particularmente desde o início da pandemia de Covid-19, as empresas passaram a perceber que o acesso de seus colaboradores à saúde era complexo e tomava um tempo precioso, tanto de deslocamento quanto de ausências, o que leva a absenteísmo elevado e também ao chamado “presenteísmo”, que é quanto o colaborador trabalha doente, produzindo menos do que o necessário e arriscando o contágio de outros na mesma equipe.

A telemedicina se apresenta como solução extremamente simples e eficaz para solucionar problemas agudos de saúde de menor complexidade, o que representa mais de 90% das razões de procura a serviços de atendimento médico de urgência, a custos inferiores. Além disso, o controle que se pode ter dos dados relacionados a este atendimento é muito mais preciso do que no sistema de saúde aberto e descentralizado, o que permite maior conhecimento do perfil epidemiológico e personalização das medidas de saúde ocupacional.

Assim, hoje o acesso a um bom serviço de telemedicina já pode ser amplamente entendido como um benefício altamente valorizado pelos colaboradores, servindo como medida de retenção e atração bastante considerada. Ademais, a ampliação do portfólio para serviços de telessaúde como telepsicologia, telenutrição, serviços especializados, entre outros, tem sido grande diferencial competitivo entre os provedores de acesso.

Qual é o principal desafio da teleorientação em geral? Quando se trata de benefício corporativo, qual seria essa dificuldade?

Os serviços de telessaúde em geral estão em constante evolução, e os desafios são inúmeros, uma vez que se pode dizer que, aos olhos do paciente, ainda pode ser considerada uma novidade. Em nossa população, cerca de 25% de todos os atendimentos realizados são a primeira vez. Os próprios médicos ainda se deparam com situações novas a cada dia. Apesar dos grandes avanços, a telemedicina ainda não resolve tudo. Muitas vezes é necessário encaminhar para um atendimento presencial, particularmente em casos de maior risco.

Um dos principais desafios é como manter a continuidade do cuidado em um cenário ainda fragmentado de acesso à saúde. Muito embora já existam mecanismos que permitem o compartilhamento seguro de dados de saúde, para que as informações relevantes dos casos que são encaminhados para atendimento presencial cheguem à clínica/hospital, nem todos os provedores estão preparados para esse nível de integração. Esse processo de tornar fluida e contínua a transição entre os formatos de atendimentos digital e presencial será a marca da próxima era da medicina.

*Plano Safira e Diamante