Desafios do novo mercado de trabalho: atrair e reter talentos

Profissionais passaram a valorizar outros diferenciais, como acessibilidade, valores e benefícios oferecidos

Além da remuneração, os benefícios corporativos desempenham um papel crucial na tomada de decisão dos profissionais

As exigências dos profissionais na hora de escolher a empresa para trabalhar mudaram. Foi-se o tempo em que eram valorizados apenas o salário e pacotes tradicionais de benefícios, como assistência médica e vale-refeição. Hoje, outros diferenciais ajudam a fazer os olhos dos colaboradores brilharem. Modelo e ambiente de trabalho, acessibilidade, valores organizacionais, relacionamento com a liderança e benefícios diferenciados são itens importantes para atrair e reter talentos.

Os benefícios corporativos têm sido mais do que uma extensão do salário. As pessoas estão valorizando um bom plano odontológico, programas de bem-estar e horário flexível para atividades físicas ou levar os filhos na escola. Ao oferecer esses “a mais”, as empresas tornam-se mais atrativas aos olhos do colaborador, com mais chances de se diferenciarem em relação às outras.

A Robert Half, consultoria global de soluções em talento, realizou em 2023 uma pesquisa com 1.161 tomadores de decisão nas empresas e profissionais empregados e desempregados, intitulada “Benefícios, uma poderosa ferramenta para atração e retenção de talentos”.

Fundada em 1948, a Robert Half é a primeira e maior empresa de recrutamento especializado do mundo. Está presente em 300 escritórios, em 19 países. O levantamento mostrou que quase a totalidade (97%) dos profissionais empregados entrevistados leva os auxílios corporativos em consideração para aceitar, ou não, uma proposta de emprego. Entre eles, 51% disseram que, se benefícios julgados importantes não fossem oferecidos, buscariam a negociação de um salário mais alto.

Alexandre Mendonça, gerente da consultoria Robert Half: “As pessoas buscam bem mais do que um bom salário ao escolher um emprego”, afirma – Foto: Divulgação

“Hoje, as pessoas buscam bem mais do que um bom salário ao escolher um emprego. Para além da remuneração, os benefícios corporativos desempenham um papel crucial na tomada de decisão dos profissionais”, afirma Alexandre Mendonça, gerente da Robert Half. Ele ressalta que as pessoas sonham com pacotes cada vez mais abrangentes, voltados ao bem-estar físico, mental e financeiro, bem como ao desenvolvimento profissional.

Além disso, a maioria dos participantes (74%) da pesquisa da Robert Half concorda que seria interessante fazer alterações nos benefícios devido às mudanças no mercado de trabalho. Ou seja, os benefícios precisam ser atualizados para atender às necessidades em constante evolução dos profissionais. E são diferenciais para atrair e reter os talentos.

Os dez benefícios mais importantes para os colaboradores:

  • Assistência Médica
  • Vale-Refeição
  • Vale-Alimentação
  • Assistência odontológica
  • Previdência privada
  • Estacionamento
  • Auxílio-estudo
  • Notebook
  • Auxílio-combustível
  • Carro para uso profissional e particular

Fonte: Robert Half

Assim como o mundo, as pessoas mudam e o trabalho também. “Garantir flexibilidade, especialmente no que tange aos modelos de trabalho, tornou-se um fator decisivo nos dias atuais, capaz de impulsionar mudanças de emprego em prol de mais bem-estar e qualidade de vida”, afirma Alexandre. Por isso, diz, prezar pela saúde mental da equipe, perpetuando ambientes de trabalho saudáveis, também é fundamental.

Trabalho híbrido

O volume de pessoas com trabalho híbrido ou em residência no Brasil deu um salto depois da pandemia. A proporção de pessoas que trabalhava em domicílio no país foi de 8,5% em 2022, frente a 5,8% em 2019 e 3,6% em 2016, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisou o mercado de trabalho de 2012 a 2022.

Fonte: Pnad/IBGE

Apesar disso, muitas empresas estão voltando ou já voltaram ao trabalho presencial integral, o que não é a preferência dos colaboradores, já que a maioria valoriza os modelos flexíveis e não gostaria de abrir mão dessas alternativas. Diante desse conflito de interesses, a empresa que oferece um cardápio maior de benefícios pode fazer a diferença.

“O pacote de auxílios deve ser abrangente. Os profissionais valorizam cestas que vão além dos benefícios tradicionais, abarcando programas de bem-estar e desenvolvimento”, ressalta Alexandre. Ele afirma que, sem sombra de dúvida, o formato híbrido de trabalho é o preferido da maior parte dos profissionais. E que este, inclusive, é um dos principais desafios do mercado de trabalho atual.

Por um lado, cresce, trimestre após trimestre, a quantidade de empresas que determinam o retorno integral aos escritórios. Por outro, há profissionais que não abrem mão da flexibilidade do modelo híbrido e que estão dispostos a buscar um novo emprego na impossibilidade de uma atividade ao menos parcialmente remota. Ou seja, o salário é apenas um dos aspectos colocados na balança de contratação do mercado de trabalho contemporâneo.