O papel do sindicato vai muito além do cumprimento da legislação trabalhista, seja ele patronal ou laboral. Ele tem uma responsabilidade social e precisa oferecer ferramentas para o desenvolvimento, com ações e benefícios. O segmento de hotéis, bares e restaurantes dialoga com toda a sociedade e tem investido em atividades para o bem-estar do colaborador, além de eventos, cursos profissionalizantes e seminários. Em entrevista ao portal Ponto Central, Marcos Valério Rocha, coordenador em Minas Gerais da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), faz uma análise do setor, dos desafios e oportunidades.
Como você enxerga o papel dos sindicatos nos dias atuais?
Os sindicatos contribuem para que as empresas e profissionais se desenvolvam. Promovemos eventos, cursos profissionalizantes e seminários. O nosso segmento, de hotéis, bares e restaurantes, dialogam com a sociedade como um todo. O sindicato é um agente catalizador, de criar identidade e defender os interesses da categoria. O papel dele não é só de cumprimento da legislação trabalhista, seja patronal ou laboral. Para um sindicato ser moderno, ele precisa ser prestador de serviço, oferecer ferramentas para o desenvolvimento da atividade, com ações e benefícios.
Qual a importância das ações de desenvolvimento e dos benefícios?
Com elas, possibilitamos ao trabalhador a produzir melhor, há redução do turnover e oferecemos melhores condições físicas e mentais, não só no ambiente de trabalho, como também fora dele. Se oferecemos ao trabalhador uma nova oportunidade de qualificação, isso representa também chance de crescimento profissional e pessoal. A remuneração acompanha a qualificação.
Como você avalia a parceria dos sindicatos com a Central dos Benefícios?
Já acontece há alguns anos e é muito importante, pois cada vez mais os benefícios e o bem-estar do colaborador estão sendo valorizados no ambiente de trabalho. Se ele volta para casa com sobrecarga física e mental, está comprometendo o convívio familiar.
Quais as expectativas para o setor de turismo para este ano?
A pandemia paralisou muitas atividades. O setor de hotelaria e alimentação foi atingido. Agora as atividades de turismo estão retomando, nas áreas de lazer e negócios. Os hotéis voltaram a contratar, assim como bares e restaurantes. O ano de 2023 foi excepcional, consequência da demanda reprimida que a gente estava. Na pandemia muitos eventos foram cancelados e adiados. Acho que o setor vai continuar a crescer e se desenvolver. O brasileiro passou a viajar mais dentro do Brasil, com viagens mais curtas e individuais e uso de carro.
Como está a oferta de mão de obra no setor?
Na pandemia muitos profissionais se desvincularam do setor e migraram para outras atividades. Hoje temos dificuldade na contratação de chefia média na hotelaria, de camareiros e profissionais da recepção. Os horários de trabalho do setor não são os clássicos. As pessoas precisam trabalhar nos finais de semana, feriados, madrugada… Muitos, principalmente os jovens, não se adequam a essa rotina. O jovem é mais dinâmico e o nosso setor é mais rotineiro. Apesar disso, cabe a gente mostrar que o setor é atraente, dinâmico e de oportunidades.
Como está o movimento do turismo em Minas Gerais?
O mineiro nunca viajou tanto em Minas Gerais. E o estado tem posição estratégica em relação a quatro grandes centros que são grandes mercados emissores: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Temos atrativos no estado inteiro e podemos criar boas oportunidades.
Qual a importância dos eventos para o setor?
Os eventos são ferramentas que permitem gerar conhecimento, capacitação, qualificação e oportunidades. Este ano teremos em abril o 3° Seminário de Sindicalismo e Associativismo Moderno, em Varginha. Em novembro teremos o 23° Encontro da Hotelaria, em Araxá. Temos ainda em agosto o Festival Gastronômico Boa Mesa, em Caxambú. E apoiamos festivais gastronômicos em Varginha e Pouso Alegre.
A FBHA promove outros tipos de encontros?
Temos um projeto de corrida e caminhada voltado para os profissionais do turismo, que deve ser implantado em breve. Para a primeira edição a previsão é de ter 1.000 inscritos.