Centrais sindicais condenam o golpe militar

Entidades publicam nota contra a ditadura e seus abusos

Caminhada silenciosa no ato 60 anos do Golpe de 64 em São Paulo trouxe o tema: “Para que não se esqueça, para que não continue acontecendo” – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Uma nota assinada por todas as Centrais Sindicais brasileiras foi publicada na última segunda-feira (1/4), contra a ditadura e seus abusos. A Nota decorre dos 60 anos de golpe de Estado, mais especificamente em 31 e março de 1964, que derrubou o presidente Jango e atacou duramente quem defendia a classe trabalhadora e a soberania nacional.

O texto traz uma retrospectiva histórica das lutas dos trabalhadores e das trabalhadoras antes e depois do golpe e das consequências sociais e políticas da ditadura para o país.

Eis a nota oficial:

“Em abril de 2024 completam-se seis décadas do golpe militar que prejudicou o Brasil por 21 anos.

Se hoje somos uma democracia, com instituições funcionando, liberdade política e liberdade de organização, devemos àqueles que lutaram pelo fim do regime iniciado em 1º de abril de 1964. Muitos dos quais foram torturados ou morreram na luta.

De forma truculenta, a ditadura destruiu famílias e privou o País de importantes quadros políticos, culturais e do movimento social.

Isso tudo para impor a força uma política econômica baseada no arrocho salarial, retirada de direitos, dívida externa e na explosão da inflação.

Ao contrário da falácia do milagre econômico, vendida como propaganda de governo, os trabalhadores foram extremamente prejudicados nos 21 anos de ditadura, sofrendo com progressivo empobrecimento, enfraquecimento e cerceamento aos Sindicatos.

Enfraquecimento que foi projetado para que a economia de mercado pudesse, sem resistência, se sobrepor aos interesses sociais.

A ditadura aumentou a desigualdade e a pobreza, atrasando o desenvolvimento humano, político e ambiental do País.

Desde a redemocratização, em 1985, o Brasil caminha no sentido de se recompor, de reparar os retrocessos nos 21 anos anteriores e de buscar avançar, driblando as sequelas que ainda persistem. Não sem dificuldades. Ficou claro no governo Bolsonaro e, sobretudo, na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, que falar sobre golpismo não é falar sobre o passado.

Por isso devemos usar os 60 anos do golpe como oportunidade de refletir sobre o assunto e de transmitir para as novas gerações a nossa história e as raízes da realidade em que vivemos no presente momento.

Só assim poderemos construir a almejada união nacional em torno daqueles que querem o bem do Brasil e do nosso povo”.

São Paulo, 1º de abril de 2024

Moacyr Auersvald, presidente da Nova Central; Sérgio Nobre, da CUT; Miguel Torres, Força Sindical; Ricardo Patah, UGT; Adilson Araujo, PCTB;  Antônio Neto, CSB; Nilza Pereira, Intersindical Central da Classe Trabalhadora e José Gozze, Pública, Central do Servidor.

Fonte: Agência Sindical